quarta-feira, 18 de março de 2009

De farofa de dendê a banho de pipoca, nem Exú segura Daniel Dantas


Por Iure Cardoso

Provando que está em dias com as oferendas a Moneta, o banqueiro Daniel Dantas, condenado a dez anos de prisão por corrupção ativa, durante a Operação Satiagraha – nome emprestado do lema da independência de Gandhi, que significa apego à verdade –, conseguiu a opportunity que precisava para disparar no Top Five dos magnatas do Brasil. No último dia 10 de março, a Justiça americana suspendeu o congelamento dos seus bens, retidos por suspeita de lavagem de dinheiro.
As investigações da Satiagraha partiram de um desdobramento das apurações feitas a partir de documentos relacionados com o caso do Mensalão e enviados à Procuradoria da República de São Paulo pelo Supremo Tribunal Federal. Vestindo camisa do mesmo time, Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta – ex-prefeito de São Paulo –, e o carequinha reluzente, Marcos Valério, fizeram coisas no mercado financeiro que nem Aristóteles o lograria.
O "opportunysta" construiu seu império de influências em meio à efervescência da maior privatização da história do país. Em 29 de julho de 1998, o Sistema Telebrás foi a leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro durante o regime FHC. O governo vendeu 20% das ações das empresas, formando o complexo regional e estadual dos holdings da telefonia, a Telesp, Telerj e Telebrasília, além da operadora de longa distância, a Embratel.
Associado aos membros da Telecom Itália, o Banco Opportunity adquiriu, em barganha (situação que incluiu encontros íntimos, mas não tão íntimos assim, com o próprio presidente), a Tele Centro Sul e a Tele Norte Leste, desmembradas para formar a Brasil Telecom. Neste cenário, a empresa passa a ser arena de disputas societárias, onde Daniel Dantas, acionista minoritário, assume o controle da operadora. Contudo, alguns dias após a privatização, foram divulgadas fitas gravadas por meio de grampo ilegal em telefones do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que levantaram suspeitas sobre um esquema montado para favorecer o consórcio liderado pelo Opportunity.
Um ano depois, a Telecom Itália acusa Dantas de contratar a maior empresa de investigação do mundo, a Kroll, para grampear os sócios italianos. Eis que surge, em 2004, outra ação da PF, cujo nome remete a trailler de filme do Stalone, a Operação Chacal, que investiga a suposta espionagem contra a Telecom Itália.
No fatídico 27 de outubro de 2004, agentes fizeram busca e apreensão de três equipamentos telefônicos na sede da empresa, que segundo os policiais, serviria para fazer escutas telefônicas. Em um discurso sofista, representantes da Kroll alegaram que o material não fazia escutas, pelo contrário, era utilizado para realizar varreduras e evitar grampos.
Em entrevista ao jornal o Globo, datado em 13/08/08, o banqueiro disse que a Telecom Itália teria distribuído ‘25 milhões de euros de propina no Brasil’ e que a investigação teria o objetivo de identificar para quem teria ido o dinheiro. “Minha interpretação é que a Kroll estava próxima de achar para onde estava indo esses recursos. Essa celeuma que foi criada em cima disso teve efeito. Era hora de parar com a investigação”, afirmou. Somente em 2005, o homônimo do ator global foi destituído do controle da Brasil Telecom.
A partir disso, o banqueiro passou a ser pendurado em inúmeras manchetes e tudo virou um inferno. “O inferno de Dantas” – que de tanto prende e solta, tornou-se uma comédia sem nada de divino.

2 comentários:

  1. Ótimo texto, Iure!

    Seja bem vindo ao grupo dos blogueiros que trabalham no combate à desinformação imposta pela mídia gorda nativa. Vou colocar o link de sua página no Imprensa Marginal.

    Sucesso.

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  2. O Celular Espião é um telefone celular comum, especialmente modificado para poder ser monitorado à distância, permitindo assim escutar as conversas telefônicas e ambientais de quem o utiliza.
    www.celularespiaobrasil.com

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